sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Diários

Com letras ainda em garranchos ou capas muito infantis, rabiscos feitos de canetas de cores variadas e decalques de personagens da década de 80. Perceber estes detalhes em meus primeiros diários é comprovar minha paixão por registrar meus pensamentos, problemas, devaneios ou seiláoquêmais logo que comecei a aprender a escrever. Os meus diários ainda estão guardados, são muitos, mas nunca são lidos. Não gosto de reviver tão profundamente o passado. O importante é o que guardei na memória, se não ficou, não era para ficar.
Por isso comecei um blog há quase dez anos, quando não existiam celebridades ou profissões feitas dele. Quando era ainda despretensioso. Num diário invertido (ao invés da chave trancada no caderno, o endereço aberto com caixa esperando impressões dos leitores) passei a ter no blog um lugar amigo. Nele eu podia escrever o que me sobrava, podia imprimir o que me tiravam, podia passar o tempo tentando me conhecer melhor.
As poucas visitas me deixavam livre e despreocupada. Os amigos vinham, diziam palavras que precisava ouvir e, assim, eu ganhava mais oxigênio para lidar com minhas próprias frustações e as da minha profissão (que não por acaso é saber ouvir, perguntar e escrever). Isso foi muito rico.
Agora eu tenho um caderno novo, encapado com um tecido rosa estampado com motivos femininos. Uma renda preta divide a capa em duas. Ele é todo branco e sem listras.
Está fechado e cheirando à novo, me esperando chegar em casa do trabalho.

3 comentários:

Fernando Lutterbach disse...

Eu nunca li um diário seu, mas adoro ler o que vc escreve aqui. O modo como vc lida com o papel é típico de uma escritora de verdade. Vc é uma artista! Bjs, te amo.

Camila Godoi disse...

Eu estava com saudades da sua essência...Bjo

André Ulle disse...

Gostei do que li por aqui, vou voltar mais vezes com certeza.