Hoje um passarinho voou certeiro pela minha janela. Fez uma curva perigosa sobre nossas cabeças e pousou confortável na almofada da poltrona preferida do meu marido. Ficou lá impassível, assim como fica o meu querido quando me espera para sair: sem dizer palavra.
O passarinho me olhou fundo e voou novamente, desta vez pela casa, até assentar no canto do meu quadro favorito. Parece até que sabia que foi meu pai quem fez aquela alegria em forma de cores verdes e vermelhas.
Daí, voou para o banheiro e foi buscando gotas de água com o bico sem cessar. Foi quando resolvi abrir a janela. Ele pousou nela, mas não enxergava a saída, que estava bem ali. O céu azul era tão claro que o cegava. E ele voltou atrás para experimentar as toalhas felpudas e brancas do meu armário.
É preciso dizer que esse não era um pássaro qualquer. Era lindo, de múltiplas cores e não estava ferido, podia voar.Moro num apartamento rodeado de tráfego e de construções barulhentas. Ainda assim ele estava no meu banheiro e não parecia querer sair.
Não sei seu nome, não entendo de pássaros. Era melhor deixá-lo sozinho ali, senhor de seu destino.
Quando já planejava um meio de conviver com ele e o batizei Miguel, o anjinho se foi sem que eu visse, levando com ele o ensinamento de que asas devem ser usadas no momento certo, e seja lá onde se pouse, que seja num lugar belo, acolhedor, próspero em cor, e não é pedir demais, que mate sua sede de viver.
2 comentários:
Nú! Bom D+! Eu estava com saudades dos seus textos...
Querida, sua poesia, assim como a sua existência, é como música para os meus olhos. Lindo texto. Bjs.
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