sábado, 28 de janeiro de 2012

Casa que não tenho

Quando eu crescer quero ter uma casa que exista há muitos séculos. Ela teria de estar ali há muitas gerações para que eu entenda que a vida flui devagar, nossas vidas é que são breves.
Não me entenda mal, ela não seria velha, esquecida ou abandonada, não. Seria nova, como que reformada, sem vestígio do tempo. Eu olharia para ela e saberia que tudo pode ser refeito, desfeito e todo recomeço pode partir do mesmo lugar em que já estamos.
Minha casa teria uma vista linda, com muito verde, pássaros e borboletas, para que eu me sentisse sortuda ao me deparar, sem aviso prévio, com uma joaninha furta-cor. É que alguns dias são mesmo simples presentes e aquilo de mais importante aparece em nossas vidas sem precisar pedir.
Eu queria que essa casa ficasse fincada no silêncio, onde pudesse ouvir meus pensamentos e que tivesse chance de falar quando desse vontade, mesmo que fosse para tentar entender o que ainda não sei. De mim, de você, do mundo, da vida.
Nela, um cachorro me esperaria por todo tempo sem cansar e sem se importar se eu resolvesse, de repente, habitar outros mundos. Lá fora, meu filho pequeno (para sempre pequeno em mim) rolaria numa relva macia sorrindo o sorriso largo dos muito amados.
O quarto e a cozinha seriam enormes, e dentro deles, estaria para todo sempre descansando o meu amor, que tem aroma de pão recém saído do forno.
Minha casa não seria grande, mas teria paredes de vidro para que eu visse a todo instante, ao longe, meu caminhar; de onde vim e para onde vou. E se eu não souber nunca, que pelo menos eu possa suspirar ao enxergar a imponência viva de uma montanha, que não vai. Já é.

4 comentários:

Marcílio Godoi disse...

Ela virá. E, de algum modo, essa já é a sua casa. Bjs
Parabéns pelo texto,
m.

Larysse disse...

Excelente texto. Quanta simplicidade nas palavras e profundidade nos significados. Quero uma casa assim também. Aliás, conheci uma de mais de 100 anos nessas últimas férias. Reformada. Que nostalgia. Saber que outras gerações ali viveram e tentar recriar na mente seus modos, histórias... Lembrei muito dela lendo seu texto.

Continue escrevendo.

Larysse

Anônimo disse...

Oi Carol...
Engraçado é que esta casa já existe na Rua Istambul no.20 casa 01 na bairro Braunas e eu estou terminando-a.
Já fiz muitas casas e adoro fazê-las e compartilhar sua execução com os clientes, mas o legal é que esta casa é pessoal e intransferível . Apenas ela muda , de tempos em tempos...
Não sei se é a idade que nos remete ao sossego e à meditação ou se deixamos de lado as coisas "importantes" e importamos mais com a nossa vida...Quero te ver ocupada cuidando do quintal do sítio num fim de semana que ficou no tempo de meus amores...beijo do pai...

Anônimo disse...

Não sei se é pela proximidade da data, mas nossa primeira casa é o ventre materno, lá somos plenos, amados e seguros........ Estamos sempre a procura deste estado de felicidade!!!!!, PARABÉNS
Mamãe