Quando eu crescer quero ter uma casa que exista há muitos séculos. Ela teria de estar ali há muitas gerações para que eu entenda que a vida flui devagar, nossas vidas é que são breves.
Não me entenda mal, ela não seria velha, esquecida ou abandonada, não. Seria nova, como que reformada, sem vestígio do tempo. Eu olharia para ela e saberia que tudo pode ser refeito, desfeito e todo recomeço pode partir do mesmo lugar em que já estamos.
Minha casa teria uma vista linda, com muito verde, pássaros e borboletas, para que eu me sentisse sortuda ao me deparar, sem aviso prévio, com uma joaninha furta-cor. É que alguns dias são mesmo simples presentes e aquilo de mais importante aparece em nossas vidas sem precisar pedir.
Eu queria que essa casa ficasse fincada no silêncio, onde pudesse ouvir meus pensamentos e que tivesse chance de falar quando desse vontade, mesmo que fosse para tentar entender o que ainda não sei. De mim, de você, do mundo, da vida.
Nela, um cachorro me esperaria por todo tempo sem cansar e sem se importar se eu resolvesse, de repente, habitar outros mundos. Lá fora, meu filho pequeno (para sempre pequeno em mim) rolaria numa relva macia sorrindo o sorriso largo dos muito amados.
O quarto e a cozinha seriam enormes, e dentro deles, estaria para todo sempre descansando o meu amor, que tem aroma de pão recém saído do forno.
Minha casa não seria grande, mas teria paredes de vidro para que eu visse a todo instante, ao longe, meu caminhar; de onde vim e para onde vou. E se eu não souber nunca, que pelo menos eu possa suspirar ao enxergar a imponência viva de uma montanha, que não vai. Já é.
4 comentários:
Ela virá. E, de algum modo, essa já é a sua casa. Bjs
Parabéns pelo texto,
m.
Excelente texto. Quanta simplicidade nas palavras e profundidade nos significados. Quero uma casa assim também. Aliás, conheci uma de mais de 100 anos nessas últimas férias. Reformada. Que nostalgia. Saber que outras gerações ali viveram e tentar recriar na mente seus modos, histórias... Lembrei muito dela lendo seu texto.
Continue escrevendo.
Larysse
Oi Carol...
Engraçado é que esta casa já existe na Rua Istambul no.20 casa 01 na bairro Braunas e eu estou terminando-a.
Já fiz muitas casas e adoro fazê-las e compartilhar sua execução com os clientes, mas o legal é que esta casa é pessoal e intransferível . Apenas ela muda , de tempos em tempos...
Não sei se é a idade que nos remete ao sossego e à meditação ou se deixamos de lado as coisas "importantes" e importamos mais com a nossa vida...Quero te ver ocupada cuidando do quintal do sítio num fim de semana que ficou no tempo de meus amores...beijo do pai...
Não sei se é pela proximidade da data, mas nossa primeira casa é o ventre materno, lá somos plenos, amados e seguros........ Estamos sempre a procura deste estado de felicidade!!!!!, PARABÉNS
Mamãe
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