quarta-feira, 25 de abril de 2012

Amor no Corpo

Dois corpos viviam separados pelo espaço.
Seus mundos eram impenetráveis.
Essa distância era simplesmente incalculável,
o que colocava tudo em ritmo de pausa.
Os corpos já se procuravam mas não sabiam que
um corpo só pode encontrar a si próprio.
Era nesse espaço, em separado, que se tornava possível
que dois corpos se articulassem: de longe, sem se possuírem.

Agora os corpos não mais se buscam.
Começaram uma travessia infinita de encontros.
Nesse caminho vão entrar no universo um do outro.
Eles já estão em contato com a vida, nessa caminhada.
Descobrem que o mundo de cada corpo é inalcançável.
O amor está na partida e eles não sabiam.
O amor está no caminho e no que ele tem de resíduo,
naquilo que resta sem excluir a falta.

Os corpos se encontram no aberto, por isso não cabem em si próprios.
Não têm limites e são o próprio limite.
O amor existe e não se dá.
Amar é dar o que não se tem.
É transpor o intransponível.
O amor é imenso, desmedido.
É o infinito a percorrer.
O amor é do exato tamanho de dois corpos.
Por Carolina Godoi - texto livremente inspirado no seminário de Janaina de Paula sobre o livro "Corpus" de Jean-Luc Nancy

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