Por algumas vezes já assisti no Jô Soares algumas pessoas recitando um poema, que já caiu no gosto popular, e tomarem a autoria para si. É um soneto, que corre o Brasil há 70 anos, mas que foi escrito aqui mesmo em Minas Gerais, por A. B. Lopes Ribeiro, um poeta de Paraisópolis, sul do estado. Não por acaso esse poeta (que foi jornalista; taí de onde vem o DNA) é meu bisavô, pai da minha avó Etelvina, que fica indignada cada vez que lhe tomam a autoria. O tal soneto não foi registrado, nem publicado sequer, por causa de uma palavrinha que na época chocava a todos os que se diziam "guardadores da moral e dos bons costumes". É de impressionar que até hoje ele esteja vivo e sendo de tempos em tempos recitado (um pouco modificado como é próprio da oralidade) e agradando tanto, já que vivemos em épocas de sexo explícito das imagens e rimas.
Para fazer um pouco de justiça ao autor reescrevo - diretamente dos seus originais manuscritos -esse soneto abundante de humor, lirismo e despretensão.
QUANDO ELA PASSA
(A.B. LOPES RIBEIRO)
Quando ela passa... todo mundo espia
Não sua cara, que não é formosa
Mas a bunda... que bunda deliciosa
Em bunda nunca vi tanta magia!
Requebra... mexe... vira... rodopia
Dentro de uma expressão maravilhosa
Deve ser uma bunda cor de rosa
Da cor do céu, quando amanhece o dia
E ela que sabe que essa bunda é boa
Vai pela rua requebrando à toa
Deixando a multidão maravilhada
E eu contemplei-a num silêncio mudo
Embora a cara não valesse nada
Aquela bunda só me vale tudo!
Um comentário:
Carol, você n~~ao me conhece. Hoje tenho 55 anos, mas desde muito criança ouço este poema declamado em casa, pelos amigos de meu pai.
Tenho procurado na internet mas sempre encontro com outros autores, o que não me conformo, pois sei até de quem é essa bunda que o poema fala. Também escrevo e acabo de entrar para a Academoa Joseense de Letras e São José dos Campos. Envio para você um sonetilho que escrevi:
A Égua Vaidade
Meu ego é do tamanho de uma égua.
Em dia de festa, toda escovada
E penteada, marcha toda faceira
De sela e estribos novos e brilhando.
Mas, minha Vaidade quando empaca,
Passa o desfile e fico só, na poeira,
Montado nesta égua que não me leva
Para lugar nenhum, somente ao riso.
O pior é que Vaidade não tem preço,
Todo mundo finge que acha bonita,
Bate palma quando está por perto,
Na hora de levá-la, não aparece um.
Tenho que voltar para casa, a pé,
Puxando-a com as rédeas na mão.
Achei que combina com a metéria da estudante que ficou famosa por mostrar suas "partes" como se dizia antigamente.Grande abraço.
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